
Escobar Franelas – Quem é Irineu Volpato?
Irineu Volpato – Nasci e devolvi-me viver caipira, para me sentir centrado. Tenho o silêncio e o sozinho como os dois suportes meus mestres. Vivi o quanto valeu-me participando, trabalhando, produzindo, sendo compromisso e compromissado, bem uns 55 anos, daí decidi-me reservar para cumprir-me diálogo comprometido com as palavras, e poesia.
EF – Quando Irineu Volpato começou sua traficância de (pensen)timentos para o papel?
IV – Minhas molecagens literárias comecei-as aos 14 anos. Era um colégio internato, de padres, onde tudo se proibia e o possível era escondido. Mas foi quando li inteiros Varela, Castro Alves, Casimiro, Camões, outros, e engolia todos os textos de antologias(e como havia antologias muitas e boas. Uma excelente da Globo, do Rio Grande, trabalhada por Francisco Fernandes, sem esquecer A Nacional do Carlos Laet, da Francisco Alves, do Nunes, de Curitiba). Fora já do seminário, trabalhei em minha terra natal, em 2 jornais, andava pelos 17/18 anos. Por sorte rodeado de gente muito boa em literatura. Em Piracicaba, em 1953, moleque fui o primeiro que publicou ali um poema modernizado(sem se obrigado à rima. E a Semana de 22 já era velha 32 anos...).
EF – Percebo em seu trabalho uma paixão por novas orquestralidades da frase. Onde( e quando) surgiu esse viés interpretativo para a palavra?
IV – E quem primeiro me puxou para a orquestralidade das palavras, da frase, foi Euclides da Cunha, depois vieram Raul Bopp, Cassiano Ricardo, Manoel de Barros... Sempre gostei de enfiar-me em literatura de autores pré-clássicos portugueses, onde e quando nossas palavras andavam nascendo. Daí pus-me a enviesar-me, a brincadeirar com elas, cumprindo as regras das possibilidades das transformações lingüísticas. E quando fui ler Guimarães Rosa, senti-me assim estando em casa. Impactou-me mais Manoel de Barros e suas brincadeiras de frases.
EF – Quantos livros o Irineu Volpato já publicou?
IV – Livros editados mais de 15. Enfornados outros mais 30.
EF – Qual a relação de Irineu Volpato com as novas expressões midiáticas?
IV – Ainda que passeie traduzindo obras de autores de outras línguas, como franceses, italianos, espanhóis, americanos, e que tenham me obrigado ao latim, grego, raspeladas de hebraico, em seminário, sou visceralmente contra o que vem acontecendo com a importação desnecessária e uso de tantos termos da língua inglesa em nosso dia-a-dia. Ignorância de quanto é rica e exata nossa língua vernácula, ou subserviência simiesca?
EF – Quem (ou o quê) influencia a obra de Irineu Volpato?
IV – Há alguém imune, se consegue espiar antenado ao redor? Tudo me toca, mais que me influencia.
EF – Quem você encontrou nesses “undergrounds” que não justifica estar à margem?
IV – E adianta ser excelência, nas rabeiras águas do alternativo, se para daí se emergir falte-lhe o QI obrigado?
por Escobar Franelas
Publicado no Recanto das Letras em 05/01/2008
Código do texto: T804767
Publicado no Recanto das Letras em 05/01/2008
Código do texto: T804767
3 COMENTE AQUI:
Irineu véio de guerra. (véio agora é com ou sem acento???) adorei sua carta deixada no abrigo de casa, onde o querido Amigo "elogeia" os meus Caipiras! Quanta honra que quase exprodi de emoção. Falta mesmo em casa sua visita para falarmos muito de Poesia e de Poetas que amamos. Você passa em frente de casa mai num para... (agora sem acento) para com isso, home. já disse e repito: eu nao gosto de seus versos, pois quanto mais os leio, menos gosto dos meus!!! Abraços na Alma do amigo Poeta caipira, esiopoeta
Tim-tim, poeta a quem rendo loas. Parabéns pelo exemplo de poesia e de vida.
Amigo, enfim férias na faculdade. Breve umas missivas chegarão aí na Sesmaria. Inté breve,
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